Perfil do Egresso
De um modo geral, o egresso do curso de licenciatura em Geografia tem como objeto de estudo os processos de ensino e aprendizagem acerca das dinâmicas que presidem a produção do espaço geográfico e como campo de trabalho os espaços escolares e não escolares, considerando-os como palco das realizações humanas, condição e meio para os processos educativos, político-culturais e físico-ambientais. De acordo com essa proposição, a prática da docência em Geografia é dirigida ao desenvolvimento educativo em que se considere “o saber e a realidade do aluno como referência para o estudo do espaço geográfico” (CAVALCANTI, 2013, p. 20), isto é, o trabalho do professor de geografia em contextos regionais e nacionais brasileiros corresponde à:
(a) desenvolver um processo de ensino e aprendizagem em que alunos consigam realizar a descrição das formas da paisagem natural e da paisagem humanizada – prática herdada da “Geografia Clássica”. Esta prática está em muito relacionada ao estudo da organização do espaço (CARLOS, 2011), porém, como afirma Cavalcanti (2013) o ensino de Geografia não deve pautar unicamente pela descrição e numeração de dados priorizando os visíveis e observáveis na sua aparência, mas, oportunizar ao aluno uma leitura da compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições;
(b) elaboração de um conhecimento mais geral e profundo, de um sistema de ideias, de um quadro explicativo acerca das relações socioeconômicas, político-culturais e dos processos físico-ambientais que produzem o espaço geográfico.
(c) Entretanto, de acordo com a crítica contemporânea no campo da teoria geográfica (HAESBAERT, 2004; HARVEY, 2015; MASSEY, 2008; SANTOS, 1999), há uma preocupação cada vez maior e mais profunda acerca do plano da diferença e não apenas com o estudo de padrões de organização do espaço geográfico, de modo que o trabalho do professor de Geografia corresponde também a um ensino em que promova aos alunos a construção interrelacional de conhecimentos relativos aos processos socioeconômicos e político-culturais de produção da Diversidade Territorial (HAESBAERT, 1999) e aos processos físico-ambientais geradores da Diversificação da Natureza (SANTOS, 1999).
Em sua atividade profissional, o professor de Geografia deve estabelecer um equilíbrio entre o conhecimento específico da ciência geográfica com o conhecimento pedagógico, assim, aplica na sala de aula os conhecimentos relativos às áreas da Geografia Física, Geografia Humana, Geografia Regional e Cartografia, também, conhecimentos relativos à Didática, Pedagogia e Psicopedagogia. Nestas áreas, consideram-se contextos diversos, tais como o contexto urbano e rural e de florestas, assentamentos rurais, terras indígenas, territórios de comunidades remanescentes de quilombos, espaços de comunidades tradicionais, entre outros. Do ponto de vista da atuação profissional, o professor de Geografia pode atuar no ensino fundamental, médio e superior, assim como em ambientes não escolares em que promovam o processo formativo educativo, como organizações não-governamentais (ONGs). Assim, considerando essas observações, o perfil desejado do egresso do curso de graduação em Licenciatura em Geografia estabelece que este profissional seja capaz de:
(a) compreender os elementos e processos concernentes ao meio natural e ao construído, com base nos fundamentos filosóficos, teóricos e metodológicos da Geografia;
(b) dominar e aprimorar as abordagens científicas pertinentes ao processo de produção e aplicação do conhecimento geográfico;
(c) elaborar, planejar e realizar pesquisa básica nos campos da Geografia Escolar, direcionada a sua atuação, seja na Educação Básica e IES, como espaços não escolares;
(d) Organizar, planejar e executar atividades de consultoria e/ou extensão compondo equipes interdisciplinares em órgãos públicos e privados – tais como secretarias, direções e demais órgãos da administração pública; em diferentes setores da sociedade – conselhos municipais e estaduais, empresas e em diferentes entidades representativas – sindicatos de trabalhadores rurais, associações de bairros, movimentos organizados de povos indígenas; comunidades remanescentes de quilombos e/ou afrodescendentes; comunidades tradicionais; movimentos sociais ligados à questão agrária; movimento de mulheres entre outros.
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